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domingo, 29 de novembro de 2009

O blecaute e a Anas (Agência Nacional de Sabotagem)

Por: Mauro Carrara

Para derrubar o presidente operário, ou impedi-lo de fazer o sucessor, vale recorrer a absolutamente tudo, da falsa denúncia às mais modernas técnicas de sabotagem.

E, agora, Arthur Virgílio, Ali Kamel, Frias Filho, FHC e José Serra conseguiram um “apagão” monumental para escurecer a imagem de Dilma Rousseff.

Antes de se debater o caso, cujas causas seguem envoltas na névoa do desconhecimento, vale uma análise do sistema regular de desestabilização da coisa pública.

No caso brasileiro, esses mecanismos de terrorismo funcionam basicamente em duas dimensões: informacional e técnica.

O objetivo é emperrar o funcionamento da máquina federal e atirar a opinião pública contra o presidente e seus aliados.

Nos últimos sete anos, a Agência Nacional de Sabotagem (Anas) promoveu inúmeros atos criminosos para desestabilizar as instituições, promover o caos e, assim, tentar devolver o poder às elites conservadoras.

Mas o que é, efetivamente, a Anas?

Trata-se de complexa e riquíssima corporação dedicada à realização de operações pontuais de destruição da imagem do governo.

Compõe-se de políticos golpistas, homens de negociatas (não confundir com homens de negócio), latifundiários, marqueteiros, publicitários e representantes das principais cadeias de comunicação do país.

As ações da Anas podem ser planejadas com meses de antecedência. Mas há pessoal especializado em detonar crises em apenas algumas horas.

A norma é fazer com que um escândalo suceda outro, que a série de desastres jamais tenha fim.

Ou seja, cada vez que um foco de incêndio é apagado, cuida-se para que outro seja aceso imediatamente.

A ação do Anas é sempre coordenada. À desconstrução de um mecanismo, especialmente nos serviços públicos, segue-se a violenta ação de mídia, destinada a apontar os culpados na esfera do governo.

Velhos arapongas e fiéis escudeiros do atraso realizam boa parte do trabalho sujo, especialmente no campo do vazamento e contaminação de informações.

Aviões, epidemias e prova do Enem

Nos últimos anos, os infiltrados, espertos do “duplo emprego”, agem diariamente nas casas públicas.

É frequente o sumiço de documentos, a “queda de sistemas informatizados” e a farta distribuição de bilhetes anônimos com denúncias e ameaças.

Sofre, por exemplo, quem trabalha de verdade em ministérios e escritórios da estrutura previdenciária ou da Receita Federal.

As grandes sabotagens acabam produzindo ecos na mídia. Ninguém se esquece do caos artificialmente criado no sistema de controle aéreo.

Esse braço do movimento de desestabilização era dirigido claramente por botinudos empijamados, muitos deles filiados a organizações de ultra-direita.

Nessa frente, a Anas vibrou com o desastre do avião da TAM, em Congonhas, em 2.007.

Seguiu-se a divulgação da teoria “grooving” e a acusação de Ali Kamel ao governo federal. E, imediatamente, os golpistas saíram às ruas, encamisados pelo movimento “Cansei”.

Talvez confiante no sucesso da intentona, alguns de seus articuladores botaram as cabeças para fora da toca.
Foi o caso do presidente de uma poderosa multinacional de eletroeletrônicos e do capo de um das maiores agências de publicidade do Brasil.
Esse propagandeiro baiano, aliás, foi o mesmo que tratou de disseminar o terror psicológico em seu segmento após a queda do Lehman Brothers, em Setembro de 2.008.

Há inúmeros casos de ações de sabotagem puramente midiática. Uma delas foi liderada pela palpiteira que serve de articulista para o jornal da família Frias.

A boneca “Emília” das redações instaurou o pânico na população, propagandeando o avanço irrefreável da peste amarela.

Por conta desse ato de sabotagem, gente incauta perdeu a vida ao tomar doses desnecessárias da vacina.
O mesmo jornal, em outra ocasião, construiu uma peça ficcional de terror, ao antecipar que milhões de brasileiros contrairiam a Gripe Suína, e que muitos morreriam por causa da doença.

O abilolado Hélio Schwartsman escreveu que a moléstia atingiria até 35 milhões de pessoas em dois meses. Também afirmou que de 3 milhões a 16 milhões de brasileiros precisariam de atendimento médico.

Na época, a Anas mobilizou-se também para dar voz à nova Francenilda, a receiteira mulher do ex-ministro de FHC. O alvo? Dilma Rousseff.

Mais adiante, a agência compôs o roteiro sinistro e bizarro da divulgação antecipada da prova do Enem.

Primeiramente, estranha-se (?) que a gráfica palco da farsa seja ligada a uma das empresas jornalísticas que encabeçam o permanente movimento golpista.

Os responsáveis oficiais pela sabotagem, na verdade, não procuraram simplesmente auferir do ato criminoso o lucro fácil e rápido.

Ao contrário, empenharam-se em entregar a prova aos dois maiores jornais de São Paulo.

Os ladinos sabiam, obviamente, que jamais receberiam os tais R$ 500 mil exigidos em troca dos exemplares do exame.

O motivo presumível? Queriam se passar por meliantes comuns.

No caso do Estadão, note-se que um dos bandidos fala em “derrubar o Ministério”.

Logicamente, o pessoal da Anas tem como proteção a tradicional barreira de laranjas e colaboradores voluntários do baixo clero sabotador.

O pânico do blecaute

A mídia já trata de associar de confundir fatos e conceitos, associando o blecaute de 2009 à crise estrutural do sistema, obra do governo privateiro de Fernando Henrique Cardoso.

No início da década, o Brasil sofreu um colapso no sistema energético. Simplesmente, não havia como atender à demanda.

O país se apagou por decreto governamental e retornou ao tempo da vela e da lamparina. O prejuízo ultrapassou a casa de US$ 50 bilhões, segundo os cálculos mais modestos.

Na época, a indústria e o comércio puxaram o freio. Sobre o Brasil, deitou-se a sombra pesada da incompetência tucana.

No governo Lula, o sistema foi inteiramente remodelado. Usinas geradoras foram construídas em tempo recorde. Novas linhas de transmissão ampliaram a malha de transporte de energia.

O Brasil, hoje, produz energia suficiente para atender à demanda do crescimento econômico.

Somente o desejo de enganar a opinião pública, portanto, justifica a comparação entre o blecaute pontual de 2009 e a crise energética do início da década.

No caso dos eventos de 10 e 11 de Novembro, convém considerar, sim, a hipótese de sabotagem.

Em várias ocasiões, os serviços de inteligência norte-americanos apontaram a ação de hackers como causa de blecautes regionais no Brasil.

“Coincidentemente”, há poucos dias, foi esse o assunto do programa “60 minutes”, da rede norte-americana CBS.

Convém lembrar que um hacker não é necessariamente um moleque espinhudo que usa tênis All-star e tenta conquistar o mundo enquanto bebe o Nescau espumante que a mamãe lhe preparou.

Há hackers muito mais sofisticados, que vendem seus serviços a grupos de interesse nos campos da política e dos negócios.
O grande problema é que dificilmente uma instituição sabotada e hackeada divulga a verdadeira natureza desses golpes.

Ao admitir que foi sabotado, qualquer governo expõe-se como vulnerável.

Menos mal, por enquanto. Temos luz. E, desta vez, não houve fogo, explosão e vítimas fatais.

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