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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Redação: Para além dos torpedos de SMS e dos 140 caracteres do Twitter


Do JC Online
Gustavo e Ricardo escrevem uma redação por semana
Gustavo e Ricardo escrevem uma redação por semana
Foto: Isabelle Figueirôa/ JC Online
Os jovens estão acostumados a se comunicarem por meio de mensagens telegráficas na internet, como torpedos de SMS, scraps no Orkut, palavras abreviadas no MSN, textos limitados a 140 caracteres no Twitter. A grande maioria dos adultos, em especial os pais, acreditam que esse "internetês" prejudica o aluno na escola, principalmente, na hora de escrever uma redação com introdução, desenvolvimento e conclusão, respeitando a gramática e o bom estilo da língua portuguesa, do jeito que é exigido no vestibular. Será que a dificuldade dos jovens realmente é essa?

A professora de português da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Lima, comenta sobre a influência da linguagem da internet na elaboração de uma dissertação para o vestibular. "É bom que as pessoas saibam que essa influência é muito pequena. Ao menos nas redações de vestibulares, quase não se encontram marcas de "internetês". Parece que os candidatos estão conscientes de que cada situação discursiva exige a elaboração de textos com características específicas", esclarece.

Um comentário:

Vera Sarres disse...

Segundo o sociólogo espanhol Manuel Castells, em sua "Cultura da virtualidade real",`A integração potencial de texto, imagens e sons no mesmo sistema - interagindo a partir de pontos múltiplos, no tempo escolhido (real ou atrasado) em uma rede global, em condições de acesso aberto e de preço acessível - muda de forma fundamental o caráter da comunicação. E a comunicação, decididamente, molda a cultura porque, como afirma Postman "nós não vemos... a realidade... como "ela" é, mas como são nossas linguagens. E nossas linguagens são nossos meios de comunicação. Nossos meios de comunicação são nossas metáforas. Nossas metáforas criam o conteúdo de nossa cultura".

O que afirma também, o professor Júlio César Araújo em seu livro Internet & Ensino: novos gêneros, outros desafios:
"A criatividade, a necessidade de interação, a subversão à norma, o desprezo pelo "erro" são características da linguagem digital e a cada dia, em nome desta interação, os bloguistas apresentam novidades na escrita digital.
Diante disso, não nos parece que os internautas estejam "escrevendo errado", mas sim, estabelecendo um processo no qual a notação da mensagem chega a tal ponto de refinamento, que é expressa com o menor número de caracteres possível. Eles "escrevem errado a propósito", porque têm intenção em fazê-lo. [...] Assim, não seria prematuro afirmar que a alteração da grafia das palavras seria uma transgressão intencional das regras ortográficas vigente na Língua Portuguesa, objetivando adequar linguagem ao meio, economizar tempo de escrita real, criar um dialeto identificador da cibertribo.


Vera Sarres